Os casos recentes de intoxicação por metanol em bebidas falsificadas, registrados em São Paulo, acenderam um alerta nacional sobre o destino das embalagens e a fragilidade do controle na cadeia de reaproveitamento.
O reuso ilegal de garrafas e tampas por falsificadores reacendeu o debate sobre o papel da logística reversa — mecanismo previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) — como ferramenta crucial para impedir o avanço desse tipo de crime e proteger a saúde pública.
Especialistas apontam que a rastreabilidade das embalagens é hoje um dos métodos mais eficazes para identificar produtos ilegais e evitar o reaproveitamento de recipientes originais. Pela PNRS, fabricantes e importadores devem garantir o retorno das embalagens pós-consumo ao ciclo produtivo, evitando que elas sejam desviadas para o mercado clandestino.
O problema, contudo, é agravado pela falta de integração entre indústria, varejo e poder público, o que facilita o reuso irregular de garrafas, especialmente de vidro. Muitas delas retornam ao comércio por vias informais, sem controle de origem nem fiscalização adequada.
Para técnicos e especialistas do setor, a logística reversa deve ser tratada não apenas como política ambiental, mas também como estratégia de segurança sanitária e econômica.
Modelos internacionais já demonstram bons resultados com o uso de selos digitais, QR codes individuais e sistemas automatizados de coleta, que permitem rastrear cada embalagem desde a produção até o descarte final.
No Brasil, iniciativas como o Sistema de Logística Reversa de Embalagens em Geral (SLR) e o SIGOR, do Governo de São Paulo, podem servir de base para um banco de dados nacional que impeça o reuso indevido de garrafas.
Ainda assim, o sucesso da medida depende do engajamento da indústria, de incentivos fiscais e de uma educação ambiental mais sólida, já que grande parte dos consumidores desconhece o destino correto das embalagens.
Diante do aumento das falsificações e do risco crescente à saúde da população, fortalecer a logística reversa é mais do que uma medida ambiental — é uma questão de proteção coletiva.










