A cadeia nacional de reciclagem no Brasil vem passando por um momento crítico devido ao crescente aumento das importações de resíduos de papel, plástico e vidro. Em resposta a esse desafio, o governo brasileiro decidiu tomar medidas para garantir o emprego dos catadores de recicláveis e reduzir os impactos ambientais.

A partir de primeiro de agosto, os resíduos de papel, plástico e vidro que forem importados pelo Brasil passam a pagar 18% de imposto. Anteriormente, os plásticos pagavam 11.2% e os papéis e vidros eram isentos dessa taxação. A mudança nas alíquotas foi uma estratégia adotada pelo governo para conter a crise no setor de reciclagem nacional.

A crescente entrada de rejeitos internacionais no país provocou uma queda significativa no preço dos recicláveis recolhidos pelos catadores. Dado que esses trabalhadores não recebem pelo serviço prestado, mas sim pela venda dos materiais retirados das ruas, a situação se tornou insustentável para eles.

De acordo com a ministra do meio ambiente, Marina Silva, a produção de resíduos sólidos no Brasil atinge aproximadamente 60 milhões de toneladas por ano. Isso significa que cada brasileiro descarta, em média, 1 quilo de resíduos diariamente, com apenas 4% sendo efetivamente reciclado de acordo com os dados oficiais. Diante desse cenário, algumas vozes defendem a suspensão da importação desses materiais.

Além dos desafios econômicos e sociais, as importações de resíduos também apresentam problemas ambientais. Muitas vezes, os contêineres trazem junto com os resíduos sólidos, materiais hospitalares contaminados e lixo doméstico. Nos últimos dez anos, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) apreendeu mais de 4.500 toneladas de entulho nessas condições, principalmente originárias da Europa e América do Norte, incluindo os Estados Unidos, com resíduos contaminados e inservíveis, como pneus e vestuários hospitalares.

A decisão de aumentar os impostos sobre a importação de resíduos tem o objetivo de equilibrar o mercado interno de recicláveis, fortalecer a cadeia de reciclagem nacional e incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis na gestão de resíduos. Espera-se que, com essa medida, seja possível enfrentar a crise no setor e avançar rumo a um país mais comprometido com a preservação do meio ambiente e com o bem-estar dos trabalhadores envolvidos na reciclagem.

No cenário global, a questão da reciclagem ganha cada vez mais relevância, e é fundamental que as nações busquem soluções conjuntas para enfrentar os desafios ambientais e garantir um futuro mais sustentável para todos.