Juventude amazônica enfrenta a crise climática no dia a dia e reivindica voz na COP30

A crise climática deixou de ser um conceito abstrato para muitos jovens da Amazônia. Em Belém do Pará, ela já faz parte da rotina — especialmente para João Victor da Silva, o João do Clima, estudante de 16 anos que divide o tempo entre provas escolares e o ativismo ambiental.

Eu queria ser mais adolescente e menos ativista. Nesse momento, não acho que é possível”, afirma. A frase sintetiza a realidade de uma geração que cresce sob enchentes mais frequentes, calor extremo e impactos diretos na segurança alimentar e no bem-estar das comunidades periféricas e ribeirinhas.

João recebeu a equipe da BBC News Brasil em Belém, onde se prepara para participar da COP30 como conselheiro do UNICEF. Ele acredita que a juventude ainda está distante das decisões globais e aponta a desigualdade como fator determinante na exposição às mudanças climáticas.

O mundo vive uma tempestade. Tem gente em iate, tem gente em rabeta e tem gente até sem barco”, diz, ao explicar como diferentes grupos enfrentam eventos extremos que se intensificam na Amazônia.

Na região metropolitana de Belém, bairros de baixa renda lidam diariamente com alagamentos, erosão e deslocamento de famílias, enquanto políticas públicas e infraestrutura avançam de forma lenta. Especialistas já classificam a Amazônia urbana como uma das áreas mais vulneráveis do planeta.

Para João, esse cenário reforça a urgência de políticas que envolvam educação ambiental, projetos de adaptação e a inclusão real de adolescentes nos fóruns internacionais.

Não existe solução real se quem vive o problema fica fora da conversa”, afirma. Ele vê a COP30 como oportunidade para colocar a Amazônia no centro das negociações, com propostas voltadas às periferias e à diversidade social do território.

Enquanto se prepara para a conferência, João segue conversando com colegas de escola, moradores das ilhas e jovens de diferentes comunidades. Cada diálogo amplia a compreensão coletiva sobre o que está em risco.

A crise climática já molda a vida da gente. Não dá para ignorar”, resume. Para ele, o futuro da Amazônia — e do planeta — depende de ouvir e fortalecer a voz da juventude que já sente os efeitos da emergência climática.

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