Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) fizeram uma descoberta inédita e alarmante: a presença de microplásticos em amostras de tecido cerebral humano. O estudo, realizado pelo Instituto de Biociências, analisou material de oito pessoas e encontrou partículas plásticas em todos os casos, levantando preocupações sobre os possíveis impactos na saúde humana.
Os microplásticos, definidos como partículas com menos de cinco milímetros, já foram detectados no meio ambiente, em alimentos e na água. Contudo, esta é a primeira vez que eles são confirmados no cérebro humano. Segundo o coordenador da pesquisa, professor Ricardo Almeida, “os fragmentos podem atravessar a barreira hematoencefálica, o que indica um risco significativo para o sistema nervoso central”.
Utilizando técnicas avançadas de espectroscopia, os cientistas identificaram predominantemente fragmentos de polietileno e polipropileno, plásticos amplamente usados na indústria de embalagens e utensílios descartáveis. Embora os efeitos de longo prazo ainda sejam incertos, estudos em animais sugerem que a presença de microplásticos no cérebro pode estar ligada a inflamações e danos celulares.
Os resultados do estudo reforçam a inevitabilidade da exposição humana aos microplásticos, dada sua onipresença no cotidiano. Para Almeida, a descoberta destaca a urgência de regulamentações mais rigorosas sobre o uso e descarte de plásticos, além de incentivar políticas públicas focadas na educação ambiental.
A pesquisa será publicada na próxima edição da revista Environmental Research, trazendo implicações para o desenvolvimento de estratégias globais de combate à poluição plástica.