Reciclagem de plástico cresce no Brasil, mas relatório expõe limites do modelo

A reciclagem de plásticos no Brasil avançou 7,8% em 2024, segundo dados da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) em estudo realizado pelo Movimento Plástico Transforma em parceria com a consultoria MaxiQuim. O crescimento reflete um esforço conjunto entre a indústria e a sociedade, mas o país ainda está distante do necessário para conter a crise do lixo plástico, que impacta ecossistemas e agrava a poluição urbana.

Mesmo com o avanço, apenas 23% do plástico pós-consumo é reciclado no país. O restante é destinado a aterros sanitários ou acaba nos rios e mares, comprometendo a biodiversidade e a qualidade de vida nas cidades. Embora os números indiquem progresso, especialistas alertam que a escala do problema demanda políticas mais amplas e estruturais.

Reciclagem limitada e indústrias sob crítica

Um relatório do Centro para a Integridade Climática (CCI), divulgado recentemente, questiona a eficiência da reciclagem como solução para a crise global dos plásticos. Segundo a ONG, grandes fabricantes do setor têm conhecimento há mais de 40 anos de que a circularidade do material é economicamente inviável e insustentável no longo prazo.

A investigação, baseada em documentos internos da indústria, sugere a existência de uma campanha de desinformação e greenwashing. O material revela que executivos do setor admitiram, em diferentes momentos, que “a reciclagem dos plásticos não pode ser considerada uma solução permanente” e que “não vai funcionar a longo prazo”.

Para os autores do estudo, há indícios de que empresas petrolíferas, petroquímicas e suas associações possam ter violado leis de proteção ambiental e de defesa do consumidor, ao promoverem narrativas enganosas sobre a viabilidade da reciclagem.

“As empresas mentiram, e é hora de responsabilizá-las pelos danos que causaram”, afirmou Richard Wiles, porta-voz do CCI. O relatório reacende o debate sobre a responsabilidade das corporações na crise do lixo plástico e reforça a necessidade de repensar modelos de produção e consumo.

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