A União Europeia apresentou uma nova proposta legislativa que pretende obrigar grandes marcas e e-commerces a financiar sistemas de coleta, triagem e reciclagem de roupas.
A medida se fundamenta no princípio da responsabilidade estendida do produtor, que transfere às empresas o custo pelo ciclo completo dos produtos que colocam no mercado — da fabricação ao descarte.
A proposta surge em meio a um cenário preocupante: de acordo com a Agência Europeia do Ambiente, o consumo de têxteis na UE atingiu um recorde em 2022. Cada cidadão comprou, em média, 19 kg de roupas e calçados, dois quilos a mais do que em 2019.
Esse crescimento acelerado evidencia o desequilíbrio entre consumo e sustentabilidade, mesmo com estratégias para a economia circular em vigor na região desde 2020.
Para especialistas, a transição para modelos mais sustentáveis ainda ocorre em ritmo lento, apesar de iniciativas como aluguel de roupas, reciclagem e programas de logística reversa.
Um exemplo citado é a marca holandesa Mud Jeans, que aluga calças jeans por até um ano e transforma peças antigas em novos produtos, promovendo a circularidade no setor.
Para os legisladores europeus, o grande desafio será equilibrar metas regulatórias ambiciosas com um setor historicamente dependente do consumo em massa para crescer.
A proposta representa uma tentativa de mudar essa lógica e reforça a sustentabilidade como uma obrigação legal, não mais apenas uma escolha estratégica.