Educação ambiental e integração cultural entre refugiados, migrantes e população local em Boa Vista

Espaço é inaugurado pelo ACNUR e Fraternidade sem Fronteiras, com apoio da União Europeia e da Operação Acolhida

Boa Vista, 11 de abril de 2022 – Um novo espaço voltado para a disseminação de conhecimentos técnicos sobre meio ambiente e sustentabilidade, com atividades educativas e de integração cultural, para brasileiros e pessoas refugiadas e migrantes, foi inaugurado na última terça-feira (5) em Boa Vista, Roraima. É o Centro de Sustentabilidade, uma iniciativa do ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, em parceria com a Fraternidade Sem Fronteiras (FSF), organização humanitária que faz a gestão do local. Apoiado pela Operação Acolhida e localizado ao lado dos abrigos Rondon 1 e Rondon 3, o espaço recebeu apoio inicial da União Europeia (EU).

A cerimônia de inauguração contou com a presença do Embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez;do representante adjunto do ACNUR no país, Federico Martinez; do chefe interino do ACNUR em Roraima, Arturo de Nieves; do chefe da célula de comunicação da Operação Acolhida, Coronel Albuerque; e do assessor de sustentabilidade da FSF, Edson de Souza. Também compareceram autoridades locais, como o reitor da Universidade Federal de Roraima, José Geraldo Ticianeli; o secretário de estado da agricultura, desenvolvimento e inovação de Roraima, Emerson Carlos Baú; e o secretário de estado adjunto da gestão da educação básica de Roraima, José De Souza.

Projetos piloto de atividades como compostagem, biodigestores e aquaponia já estão sendo executados no Centro de Sustentabilidade, que após a inauguração deve passar a receber visitas e atividades de escolas, universidades, ONGs parceiras e projetos sociais. Guiados pelos adolescentes que formam o Comitê de Sustentabilidade da Operação Acolhida, os participantes da cerimônia conheceram em detalhes cada um dos projetos, que visam não apenas o ensino de noções sobre sustentabilidade, como a diminuição dos impactos ambientais causados pela resposta à crise humanitária.

O jovem Julio Calzadilla, de 15 anos, é um dos participantes do projeto e destacou que o projeto é importante não só pela aprendizagem que ele tem, mas que beneficia todo o coletiva. Morador do abrigo 13 de Setembro, ele conta que “não sabíamos muitas coisas sobre o ciclo da água e agora temos a possibilidade de ensinar em projetos para todo mundo”.

Arturo de Nieves destacou que “as portas do Centro de Sustentabilidade estarão abertas para que escolas, universidades e organizações possam conhecer mais de técnicas para o desenvolvimento sustentável e para que se aproximem da resposta humanitária no estado, conhecendo as unidades de residência temporárias em que vivem as pessoas refugiadas e migrantes e atividades promovidas por essas pessoas para a resiliência ambiental da região”.

“Jovens, o mundo é de vocês já no presente, mas ainda mais no futuro. Aproveitem essa oportunidade e essa preocupação sobre a sustentabilidade, porque vocês têm que se protegerem desde agora”, ressaltou o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez.  A União Europeia é uma das principais doadoras do ACNUR no Brasil e no mundo.

Os adolescentes que integram o Comitê de Sustentabilidade já participaram de cursos e oficinas práticas dentro dos abrigos da Operação Acolhida e agora também atuam como protagonistas no desenvolvimento dos projetos piloto, incluindo ainda o cultivo e plantio de até 7 mil mudas no bairro 13 de setembro, em Boa Vista.

Edson Oliveira, assessor de sustentabilidade da FSF, ressaltou que um dos valores da organização é o investimento em processos sustentáveis. “No continente africano, na maioria de nossos projetos, já temos agroflorestas, lavouras, oficinas de biocarvão. O objetivo é educar para a sustentabilidade, levar alimento para quem não tem e gerar renda para quem precisa de uma alternativa digna de emprego, prezando pelo meio ambiente. Agora estamos, por meio do ACNUR, começando esse processo aqui em Roraima”, explicou o assessor.

O espaço fica próximo da maioria dos abrigos da operação acolhida e ainda poderá ser usado para a realização de feiras de artesanato indígena, uma alternativa para fomentar o empreendedorismo entre as etnias venezuelanas que estão acolhidas em Roraima.

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