Diante de uma queda histórica nos preços e de uma crise de mercado que persiste desde a pandemia, os catadores de materiais recicláveis no Brasil estão se mobilizando para revitalizar a reciclagem de papel no país. Na última sexta-feira (24), representantes da indústria e do governo federal se reuniram com integrantes de diversas entidades do setor no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para discutir a cadeia de reaproveitamento do material.
Entre os participantes do encontro estavam o presidente da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT), Roberto Rocha; Anderson Nassif, presidente da UNICATADORES; e Luiz Henrique Silva e Aline Sousa, lideranças do Movimento Nacional dos Catadores (MNCR).
De acordo com os dirigentes, o encontro teve como objetivo discutir práticas e políticas públicas que possam ser incorporadas à Estratégia Nacional de Economia Circular. A ideia é fomentar um ciclo produtivo mais eficiente, sustentável e inclusivo.
Durante a reunião, os representantes dos catadores destacaram o papel fundamental que os trabalhadores autônomos e cooperados desempenham na cadeia da reciclagem no Brasil. Eles também chamaram atenção para os principais desafios enfrentados pela reciclagem de papel no país, como:
- Queda dos Preços: A desvalorização dos materiais recicláveis desde a pandemia tem afetado diretamente a renda dos catadores.
- Alta Tributação: Impostos como PIS, COFINS e ICMS oneram as organizações de reciclagem.
- Falta de Incentivos Fiscais: A ausência de incentivos governamentais dificulta a sustentabilidade das cooperativas.
- Falta de Diálogo entre Categoria e Indústria: A comunicação limitada entre catadores e empresas impacta negativamente a cadeia produtiva.
- Facilidade de Importação: As empresas frequentemente preferem importar materiais recicláveis, o que prejudica o mercado interno.
“É tempo de priorizar e ampliar parcerias com as organizações de catadores, estabelecendo diálogos, implementando sistemas de rastreabilidade na cadeia e valorizando aspectos sociais. Ou seja, falta o ‘S’ das estratégias ESG”, afirmou Roberto Rocha, presidente da ANCAT.
A reunião é vista como um passo importante para fortalecer a reciclagem de papel no Brasil, propondo medidas que promovam a economia circular e melhorem a qualidade de vida dos catadores. A colaboração entre o governo, a indústria e os catadores é essencial para criar um sistema de reciclagem mais resiliente e eficiente.
Com a mobilização dos catadores e a abertura para diálogo entre as partes envolvidas, há esperança de que o setor de reciclagem de papel no Brasil possa superar a crise atual. A implementação de políticas públicas eficazes e parcerias estratégicas pode não apenas revitalizar o mercado, mas também promover um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo para todos os envolvidos na cadeia de reciclagem.