O plástico, um dos materiais mais usados no mundo, leva centenas de anos para se decompor — isso todo mundo já sabe.
Mas o que muita gente ainda não sabe é que boa parte das embalagens plásticas mais vendidas no Brasil não tem, ou tem baixíssima, reciclabilidade.
Ou seja, embora sejam recicláveis em teoria, não são recicladas na prática. O resultado? Ficam acumuladas em lixões clandestinos, aterros sanitários ou são descartadas diretamente no meio ambiente.
Reciclagem de plásticos no Brasil
O caso das embalagens de BOPP (Polipropileno Biorientado) é um dos mais emblemáticos e revela um dos principais gargalos da gestão de resíduos no país.
Mesmo sendo amplamente usadas pela indústria alimentícia, esse tipo de embalagem não interessa às cooperativas de reciclagem, com exceção de um projeto piloto na cidade de São Paulo.
A razão está na complexidade do material, que mistura diferentes plásticos, pigmentos e camadas metalizadas. Isso dificulta a separação e inviabiliza o reaproveitamento econômico. Estima-se que o BOPP leve cerca de 500 anos para se decompor completamente no meio ambiente.
Outro exemplo são os talheres plásticos descartáveis, ainda comuns em eventos e estabelecimentos. Apesar de levarem entre 200 e 400 anos para desaparecer, esses itens têm baixo valor de mercado e são raramente reaproveitados.
E mesmo as populares garrafas PET, símbolo da reciclagem no Brasil, enfrentam desafios. Embora a cadeia de reaproveitamento venha se estruturando nos últimos anos, a reciclabilidade ainda está longe de compensar o impacto ambiental da embalagem, uma das mais encontradas em ecossistemas terrestres e aquáticos.
Caminhos possíveis
A falta de padronização, o excesso de misturas químicas e a baixa valorização econômica de certos plásticos reforçam a urgência de políticas públicas mais rigorosas.
Mais do que isso, é necessária uma mudança no padrão de consumo. Sem ações efetivas, o plástico continuará deixando sua marca secular no planeta.